Sem avanço, negociações climáticas vão para Bangkok
Propósito da ONU ao agendar reunião extra na capital tailandesa é acelerar a ação climática e superar entraves como o financiamento de países ricos
Falta apenas um dia para terminar a primeira reunião preparatória para a Cúpula do Clima da Polônia e o encontro que reuniu representantes de 186 países, em Bonn, na Alemanha, avançou bem menos do que se esperava. O progresso lento e tortuoso das negociações de Bonn levou a ONU a agendar uma sessão extra para a capital tailandesa, Bangkok, conforme revelou reportagem publicada hoje no Climate Home.
Os dois maiores desafios do encontro foram compreender as políticas locais de países em desenvolvimento e criar um clima de transparência que mobilize os países ricos para um financiamento coletivo. “Cada nação tem uma engrenagem muito particular, são situações difíceis de resolver pois envolvem diversos governos”, disse o diretor de estratégia e política da Union of Concerned Scientists, Alden Meyer.
A falta de regras explícitas para o financiamento de projetos, segundo ele, tem levado as nações mais ricas a pisar no freio quando o assunto é a doação de recursos. Sem confiança, os recursos não saem; e sem o dinheiro, não há como manter o compromisso de elevar a ambição de cortes de gases de efeito estufa. Até agora, a expectativa é que o Fundo Verde do Clima disponibilize, por ano, cerca de US$ 100 bilhões a partir de 2020. Será mesmo?
“Faltam pouco mais de dois anos para o Acordo de Paris entrar totalmente em vigor e ainda temos dificuldades para desenhar a trajetória e encaminhar nossos objetivos assumidos até 2100”, disse Meyer. “Bangkok poderá, finalmente, desenrolar os principais acordos nacionais que darão esperança ao futuro climático do planeta, conforme o Diálogo Talanoa”, disse.
O Diálogo Talanoa é uma proposta de discussão informal e colaborativa que surgiu em Fiji com o objetivo de mobilizar os países para a ação climática. Esta semana, os países compartilharam mais de 700 histórias de luta e inspiração em Bonn, como a estratégia integrada de clima e energia da Áustria e o papel do Protocolo de Montreal no Brasil.