Propostas para Paris levam a aquecimento de 3,5ºC, diz estudo
A projeção num cenário em que os países não tomem medidas para reduzir emissões é de que o planeta aqueça 4,5ºC. Limite seguro é de 2ºC em relação aos níveis pré-industriais
As propostas de redução de emissões apresentadas até agora como parte do acordo do clima que será firmado este ano podem reduzir em 1ºC as projeções de aquecimento do planeta até o fim do século. Apesar da contribuição, as metas não são suficientes para limitar o aquecimento global em 2ºC acima dos níveis pré-industriais, o limite considerado seguro pelos cientistas para evitar danos piores das mudanças climáticas. Esta é a conclusão de uma análise divulgada pelo Climate Interactive em parceria com o MIT (Massachusetts Institute of Technology).
A análise foi feita com base nas INDCs registradas até agora – as propostas que os países apresentam às Nações Unidas como contribuição ao acordo do clima de Paris. As atuais ofertas nacionais de ação climática reduziriam aquecimento projetado em cerca de 4°C no cenário de business-as-usual (se nada fosse feito para reduzir emissões) para 3,5°C. Para atingir o objetivo de no máximo 2 ° C, as metas devem passar por revisões e associar-se a outras medidas, ainda não negociadas.
Andrew Jones, do Climate Interactive, recomenda novas ações na sequência da negociação do acordo de Paris. “As barreiras atuais são políticas e sociais e acreditamos que podem ser superadas.” A proposta coincide com um dos objetos de negociação entre os países das Nações Unidas: a revisão periódica dos compromissos apresentados na conferência.
Usado pela primeira vez na Conferência do Clima de Copenhague, em 2009, a ferramenta on-line do Climate Interactive calcula os resultados das negociações em curso em tempo real, permitindo que qualquer pessoa possa avaliar os resultados e estimar qual seria o esforço necessário para atingir o objetivo proposto. É o mesmo princípio do Ambiciômetro, ferramenta do Idesam (Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas), membro do Observatório do Clima.
John Sterman, do MIT Sloan, é otimista. “Precisamos de esforços mais firmes, mas a boa notícia é que os custos de redução de emissões por meio da eficiência energética e energia renovável estão caindo rapidamente”, avalia. “Nações que adotam políticas para reduzir suas emissões irão acelerar a inovação que precisamos e posicionar-se para prosperar nas próximas décadas.”