Organizações alertam contra greenwash em plano de empresas agro
Manifesto com signatários do Brasil e de outros países afirma que traders de commodities precisam se comprometer com fim de desmate e conversão para serem levadas a sério
PRESS RELEASE
Mais de 90 organizações ambientalistas e acadêmicas do Brasil e de outros países publicaram nesta segunda-feira (7) um manifesto alertando contra a possibilidade de greenwash em um plano que será divulgado também hoje por empresas globais de commodities para reduzir emissões de carbono em suas cadeias produtivas.
Segundo as organizações, o “mapa do caminho” prometido pelas traders corre risco de se tornar “blábláblá” se não adotar uma série de medidas de proteção dos ecossistemas, como rastrear os produtos até a origem e se comprometer com zero desmatamento em florestas e zero conversão de outros ecossistemas.
Doze das maiores multinacionais do setor de soja, como a chinesa Cofco, as americanas Bunge e Cargill e a brasileira Amaggi se comprometeram no ano passado, na COP26 (a conferência do clima de Glasgow), a publicar um conjunto de diretrizes sobre como tornariam sua atividade compatível com a meta de limitar o aquecimento global a 1,5oC. O documento das traders deve ser divulgado hoje durante a Cúpula de Líderes da COP27, a conferência de Sharm El-Sheikh, no Egito.
Para os ambientalistas, qualquer documento apresentado pelas empresas precisa cumprir oito pré-requisitos para poder ser levado a sério. Entre eles, rastrear 100% das commodities até a origem, como feito no Brasil pela moratória da soja, recusar qualquer produto vindo de áreas desmatadas após 1o de janeiro de 2020, comprometer-se com o fim imediato do desmatamento e ter um escopo que abranja todos os biomas, não apenas os florestais, como a Amazônia.
“Não há uma só justificativa para que o roadmap 1,5°C das empresas de commodities agrícolas apoie, mesmo que como uma ‘transição’, qualquer destruição adicional de ecossistemas”, afirma o documento. “Sendo assim, qualquer roadmap ou legislação com um escopo, ambição e responsabilização menor do que o proposto seria apenas mais um desastroso blábláblá.”
Informações para imprensa
Claudio Angelo – Observatório do Clima
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