Mudança do clima põe US$2,5 trilhões em risco
Eventos climáticos extremos e perda de produtividade são as principais causas para a perda econômica, de 1,8% da economia global. Cumprimento de acordo do clima evitaria danos
Do OC
Um estudo divulgado nesta segunda-feira (4) na Nature mostra que um aquecimento de 2,5°C até 2100 pode colocar em risco US$2,5 trilhões em ativos – o que representa 1,8% da economia global. No cenário mais pessimista da pesquisa da London School of Economics, e com as incertezas de valoração dos riscos impostos pela mudança do clima, há 1% de chance de que o prejuízo chegue até US$ 24 trilhões.
Os autores, liderados por Simon Dietz, concluem que limitar o aquecimento do planeta em 2°C, como acordado na COP21 em Paris, poderia reduzir significativamente os valores sob risco por conta do clima. Mesmo assim, US$ 1,7 trilhões continuarão em risco.
“Nossos resultados podem surpreender os investidores, mas não será surpresa para muitos economistas que trabalham em mudanças climáticas, porque os modelos econômicos ao longo dos últimos anos vêm gerando estimativas cada vez mais pessimistas sobre os impactos do aquecimento global sobre o crescimento econômico futuro”, diz Diez. “Mas também descobrimos que o corte de gases de efeito estufa para limitar o aquecimento global a não mais que 2°C reduz substancialmente o valor em risco por causa do clima.”
Para apresentar este resultado, os pesquisadores levaram em consideração uma carteira diversificada de ativos e quatro dimensões da incerteza: a taxa de crescimento da produtividade, a vulnerabilidade climática, perdas no PIB relacionadas ao clima e custos de redução de emissões.
De acordo com o estudo, há duas maneiras principais em que as mudanças climáticas podem afetar o valor dos ativos financeiros: a destruição direta ou depreciação de bens de capital por eventos climáticos extremos (secas, inundações, tempestades, incêndios), por exemplo, e na mudança no retorno sobre ativos de capital, na produtividade do conhecimento e ou da produtividade do trabalho e, portanto, do salário e distribuição de lucros.
Os pesquisadores ressaltam que investidores institucionais, em especial fundos de pensão, estão na vanguarda do trabalho nesta área. “Para eles, a possibilidade de que as mudanças climáticas reduzam o retorno de longo prazo de investimentos faz com que seja uma questão de dever fiduciário para com os beneficiários de fundos”, dizem os autores. “É por isso que não é incomum ver os fundos de pensão defendendo redução significativa de emissões.”
Segundo análises apresentadas por pesquisadores, as metas voluntárias de redução de emissões apresentadas pelos países à Convenção de Mudanças Climáticas até agora coloca o mundo numa trajetória rumo aos 2,7ºC a 3,5ºC. A revisão dessas metas deve acontecer antes de 2020, quando entra em vigor o Acordo de Paris.