Queimada na Amazônia (Foto: Daniel Belta/ Greenpeace)

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Imazon vê pico de desmatamento em julho

Sistema independente de monitoramento da Amazônia confirma aumento da devastação em 12 meses

16.08.2019 - Atualizado 11.03.2024 às 08:29 |

DO OC – Os alertas de desmatamento na Amazônia cresceram 65% em julho em comparação com o mesmo mês do ano passado. O dado é do SAD, sistema de monitoramento do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) e foi publicado nesta sexta-feira (16). Ele confirma a alta expressiva nos alertas de desmatamento vista no mês passado pelo sistema Deter, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Os dois sistemas olham a Amazônia com satélites diferentes e metodologias distintas. Embora seus dados não sejam comparáveis, ambos capturaram uma tendência de alta no mês e também no agregado entre agosto do ano passado e julho deste ano. O desmatamento é medido sempre nos 12 meses de agosto de um ano a julho do ano seguinte.

Isso significa que, no fim do ano, quando o sistema Prodes, do Inpe, estimar a taxa oficial de desmatamento na Amazônia em 2019, ela será mais alta do que a do ano passado. A tendência é preocupante porque garante que o Brasil não vai cumprir a meta da sua lei doméstica de mudança do clima de reduzir o desmatamento na Amazônia a 3.950 km2 até 2020.

“Sempre que nós apontamos alta o Prodes subiu, e sempre que apontamos queda o Prodes caiu”, diz Carlos Souza Jr., pesquisador do Imazon.

O governo Bolsonaro não tem agido em cima dos alertas recebidos do Inpe. A secretaria que cuidava dos planos de prevenção e controle do desmatamento na Amazônia e no cerrado foi extinta. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, chegou a dizer que não precisava dela. Como resultado, o governo ainda não tem um plano de combate à devastação.

Em vez de construir um, Salles dedicou seus sete meses no cargo a descredenciar o Deter, a fim de justificar a compra de outro sistema de monitoramento privado, que usaria imagens de alta resolução da empresa Planet – que já são usadas pela iniciativa MapBiomas Alerta, da qual o Ibama é parceiro, para validar alertas de desmatamento, a custo zero para o governo federal.

Desde que Bolsonaro assumiu, o Ibama reduziu o ritmo das operações na Amazônia. Somente entre janeiro e abril a queda foi de 70%. O número de multas por desmatamento aplicadas de janeiro a julho caiu em quase um quarto, segundo dados do Ibama. A maioria das superintendências regionais do Ibama ficou acéfala durante todo o primeiro semestre. Sucessivas declarações do presidente e do ministro vêm empoderando os criminosos ambientais e emparedando a fiscalização. Essa situação chegou ao paroxismo no último sábado (10), quando fazendeiros de Novo Progresso, no Pará, fizeram um “dia do fogo” para, segundo a imprensa da região, mostrar para o presidente Jair Bolsonaro que estão “amparados” em suas palavras e “trabalhando” para derrubar a mata e formar pastagens.

Segundo dados do Inpe, o número de focos de calor no Brasil nos primeiros sete meses do ano de 2019 é o recorde nos últimos sete anos: 63.336 focos, um aumento de 70% em relação ao mesmo período do ano passado.

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