Gelo no Ártico atinge quarta menor extensão da história em 2015
Extensão mínima medida por satélites fica 1 milhão de quilômetros quadrados abaixo do recorde de degelo de 2012; rotas de navegação polares ficam livres de gelo sobre Sibéria e Canadá
A camada de mar congelado que recobre o Oceano Ártico chegou neste ano à sua quarta menor extensão mínima desde o início das medições com satélites, em 1981. O anúncio foi feito nesta terça-feira pelo NSIDC (Centro Nacional de Dados de Gelo e Neve) dos EUA.
No dia 11 de setembro, a área com gelo marinho era de 4,41 milhões de quilômetros quadrados, 1,02 milhão de quilômetros quadrados acima do recorde de derretimento até aqui, do ano de 2012. O valor é 1,81 milhão de quilômetros quadrados inferior à média do período 1981-2010. Somente 2012, 2007 e 2011 registraram degelos maiores do que o deste ano. Todas as nove menores coberturas mínimas de gelo na era das medições com satélites ocorreram nos últimos nove anos.
Segundo as imagens de sensoriamento remoto, o degelo de 2015 abriu para a navegação a Passagem Nordeste, que liga a Europa à Ásia via litoral da Sibéria, e um dos dois braços da Passagem Noroeste, que liga Europa e Rússia através do Canadá. Até 2007, essas duas passagens nunca estiveram desobstruídas simultaneamente.
O gelo marinho do Ártico tem ciclos anuais de avanço e recuo. Ele atinge sua extensão máxima na primavera, depois vai derretendo até começo do outono, quando o sol se põe no Ártico e a região é envolta em escuridão permanente. Em geral, o ponto máximo de degelo ocorre por volta de 15 de setembro, mas isso tem acontecido cada vez mais cedo: neste ano, o último dia de degelo foi 11 de setembro, e ainda há possibilidade de uma virada no tempo que faça o mar derreter mais ainda.
O Polo Norte é diferente do Polo Sul. Na Antártida, o gelo é uma camada de quilômetros de espessura assentada sobre um continente. No Ártico, a camada permanente de gelo está sobre o mar e tem apenas alguns metros de espessura.
O degelo do Oceano Ártico não afeta o nível do mar. Porém, ele ajuda a agravar o aquecimento global por meio de um mecanismo chamado amplificação ártica: o gelo, como é branco, reflete a radiação solar de volta ao espaço, enquanto a água do mar, escura, absorve radiação. Quanto mais água exposta, mais radiação é absorvida, mais o planeta esquenta e mais degelo acontece. O diretor do NSIDC, Mark Serreze, chama esse mecanismo de “espiral da morte”, que pode deixar o polo sem gelo no verão já no meio deste século.