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Emissão por carros acelera, mostra SEEG

Crescimento é de 192% em 2014 em relação a 1994, segundo análise inédita dos dados de 2014 para os setores de energia e indústria; emissão por exploração de petróleo também tem aumento

23.09.2016 - Atualizado 11.03.2024 às 08:27 |

PRESS RELEASE

As emissões de gás carbônico por automóveis e motocicletas em 2014 representaram 77% de tudo o que foi emitido pelo transporte de passageiros naquele ano, consolidando um crescimento de 192% em relação a 1994. Ao mesmo tempo, de acordo com a Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbano, nesse período, o número de passageiros transportados por ônibus caiu 20% nas principais regiões metropolitanas do país.

Os dados vêm da análise das emissões dos setores de energia e indústria do SEEG (Sistema de Estimativa de Emissão de Gases de Efeito Estufa), lançada nesta sexta-feira pelo Observatório do Clima. O período analisado vai de 1970 a 2014.

O relatório, elaborado pelo Iema (Instituto de Energia e Meio Ambiente), traz duas recomendações sobre como reverter essa trajetória, que o governo federal e os candidatos a prefeito das principais cidades brasileiras fariam bem em ler: primeiro, é preciso manter as iniciativas de inovação tecnológica na frota nacional, de modo a aumentar a eficiência dos veículos e reduzir a poluição. Mas esta medida, isoladamente, pode até piorar a mobilidade nas cidades brasileiras enquanto diminui emissões. Ela precisa necessariamente, estar acompanhada de iniciativas de estímulo ao transporte público e racionalização do uso de carros. Como exemplo, pode-se investir em medidas de priorização da circulação do transporte público nas vias, desde as faixas exclusivas para ônibus até os corredores segregados (BRT).

Os dados do SEEG também mostram que a recente retomada do uso do etanol teve um impacto positivo nas emissões. A participação do etanol no transporte de passageiros, que caíra de 33,2% em 2009 para 22,1% em 2012, subiu novamente para 26% em 2014. Como consequência disso, o aumento de 15% na quilometragem total percorrida no entre 2012 e 2014 não foi acompanhado pelas emissões, que subiram apenas 4,5%.

“A retomada do etanol é um fator positivo e precisa ser muito ampliada. Mas essa medida, se adotada isoladamente, sem incentivos à ampliação da participação do transporte público nos deslocamentos da população, pode levar às cidades a um eco-congestionamento, na qual as emissões são baixas e ninguém consegue se deslocar porque a maior parte das pessoas utiliza automóvel”, alerta André Ferreira, diretor-presidente do Iema. “As prefeituras no Brasil ainda planejam obras para acomodar um número crescente de carros. Enquanto não houver uma mudança real de mentalidade para o investimento em transporte público acessível e menos poluente, teremos cidades cada vez mais inviáveis.”

PRÉ-SAL

Segundo o relatório, os setores de energia e processos industriais, que concentram principalmente as emissões por queima de combustíveis fósseis no Brasil, responderam em 2014 por 31,4% das emissões nacionais, com 580,3 milhões de toneladas de CO2 equivalente. A análise dos dados mostra uma consolidação das fontes fósseis como predominantes na matriz energética brasileira – 59% de toda a energia do país em 2014 veio de petróleo, gás natural e carvão, contra 51% em 1990.

Apesar da predominância do setor de transportes nas emissões de energia (devida principalmente ao fato de o transporte de carga ser feito por caminhões e o transporte de passageiros ter participação preponderante dos automóveis), o SEEG confirma que a geração de energia elétrica, com o acionamento de usinas fósseis para compensar a perda de geração nas hidrelétricas entre 2012 e 2014 foi a principal responsável pelas emissões adicionais naquele ano: 57%.

Outra fonte crescente de emissões de gases de efeito estufa do setor de energia é a produção de combustíveis. Em 2014, as emissões por extração e refino de petróleo e gás e das destilarias de álcool atingiram 28,6% do total – um aumento de 16,1% em relação a 2013. Noventa por cento disso veio do setor de petróleo. “Isso acende uma luz amarela para o país, principalmente por causa do pré-sal. Essas emissões por extração e refino tendem a se tornar um grande desafio em termos de emissões de gases-estufa do país”, diz Ferreira.

Contatos para a imprensa:

André Ferreira, Instituto de Energia e Meio Ambiente:
andre@energiaeambiente.org.br

Fabiana Pereira, P&B Comunicação
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Claudio Angelo, Observatório do Clima:
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Camila Faria, Observatório do Clima:
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