Foto: Solange Barreira/OC

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Desafios de Lula começam na aprovação do orçamento para o ano que vem

Coletiva de imprensa na COP27 reuniu academia, membros do Legislativo e da sociedade civil para abordar a retomada da agenda climática e a reversão do legado antiambiental

10.11.2022 - Atualizado 11.03.2024 às 08:30 |

DO OC – Desmatamento zero, combate ao garimpo ilegal e aos crimes ambientais, redução das emissões de gases de efeito estufa, proteção aos povos e territórios indígenas, recuperação de florestas e reconstrução dos órgãos responsáveis por políticas públicas para o meio ambiente e o clima: esses são desafios primordiais da agenda ambiental a serem enfrentados pelo próximo governo. E o primeiro obstáculo está na aprovação do orçamento de 2023. 

 

“É preciso pressionar pela garantia de verbas suficientes para a restauração das instituições e da reconstrução da política de combate ao desmatamento”, destacou o deputado Nilto Tatto, reeleito pelo PT por São Paulo. Ele participou da coletiva de imprensa promovida pelo Observatório do Clima, na tarde desta quinta-feira (10/11) na COP27, em Sharm El-Sheikh, no Egito. Um dos articuladores da pauta ambiental na campanha presidencial de Lula, Tatto reforçou que a reconstrução do Ministério do Meio Ambiente, do Ibama, do ICMBio, da Funai e do Incra são passos indispensáveis à retomada dessa agenda no Brasil. 

 

A conferência contou também com a participação de Célia Xakriabá, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil e deputada federal eleita por Minas Gerais pelo PSOL; Carlos Nobre, cientista climático da Universidade de São Paulo; e com Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima. 

 

Célia, primeira deputada indígena eleita por MG, enfatizou a importância dos povos originários para a defesa da floresta e da biodiversidade, no Brasil e no mundo. Ela também reforçou a urgência da retomada de ações efetivas para enfrentar a crise climática e as oportunidades que se abrem com o fim do governo de Jair Bolsonaro, que classificou como ecocida. “A hora é agora. Não podemos mais esperar. Precisamos aquecer nossos corações para desaquecer o planeta”,  disse. 

 

Segundo Carlos Nobre, o país tem potencial para ser um dos primeiros países do mundo a cumprir as metas do acordo de Paris, atingindo o desmatamento zero e reduzindo em alguns anos as emissões de gases de efeito estufa em 50%. “Metade das emissões do Brasil, hoje, são resultado do desmatamento e mais de 90% do desmatamento, especialmente na Amazônia, é ilegal. O desafio é grande, mas temos uma boa experiência. Não é apenas uma promessa vazia, estamos falando de um governo que já fez isso”, referindo-se à redução de 83% no desmatamento da Amazônia ocorrida entre 2004 e 2012, como resultado do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAm).

 

Para isso, pontuou, são necessárias ações urgentes não apenas de combate ao desmatamento, mas também de recuperação e reflorestamento em áreas degradadas, capazes de reverter a destruição dos últimos anos. “Estamos muito perto do tipping point. A Amazônia pode se tornar um canal aberto para a degradação do ecossistema e emitir mais de 200 bilhões de toneladas de CO2 na atmosfera no período de trinta a cinquenta anos se não pararmos isso imediatamente.” 

 

Marcio Astrini afirmou que o pleito presidencial foi uma espécie de plebiscito sobre a existência ou a extinção da floresta “Nos últimos tempos, viemos afirmando que as eleições seriam uma escolha entre a Amazônia ou Bolsonaro. Impossível ter os dois. O Brasil escolheu, felizmente, a Amazônia, a democracia e a humanidade. Mas o legado de Bolsonaro continua e o que temos agora é uma oportunidade para reconstruir o país e trazê-lo de volta à agenda climática.” [:]

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