Fumaça na região de Shanghai. Foto: Nana Queiroz, 2015

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Novo Plano Quinquenal da China promete cortar 18% do CO2 até 2020

Em meio a retração econômica, plano chinês de desenvolvimento para os próximos cinco anos tem foco em ciência e tecnologia, incluindo renováveis. Documento traça meta de redução de emissões

17.03.2016 - Atualizado 11.03.2024 às 08:27 |

DO OC

A China adotou nesta quarta-feira (16) o que a  imprensa oficial do país chama de “o mais verde” Plano Quinquenal já apresentado. O documento, aprovado em um cenário de retração econômica, traça outro rumo ao desenvolvimento chinês até 2020 e dá grande peso no “desenvolvimento verde”, com quase metade dos alvos prioritários voltada às políticas ambientais. O governo espera que, ao final de cinco anos, ciência e tecnologia representem 60% do PIB chinês.

O governo também estabeleceu a meta de reduzir em 18% suas emissões de gases de efeito estufa e 15% da intensidade de energia por unidade do PIB em 2020, em relação aos níveis de 2015. Ou seja, a retração na economia que levou à necessidade de reajustar o sistema produtivo é boa para o clima. Um estudo divulgado na semana passada mostra que o país pode ter atingido o seu pico de emissões – a meta chinesa apresentada às Nações Unidas para a construção do acordo do clima de Paris era que esse pico fosse atingido em 2030. Porém, taxas de crescimento altas como as registradas na última década não devem voltar a acontecer, e por isso as emissões não devem aumentar.

“Depois de mais de três décadas de crescimento econômico de dois dígitos, a China chegou a um ponto em que tem que se despedir do velho caminho de crescimento e inaugurar um novo capítulo para as suas estratégias de desenvolvimento”, diz a agência oficial chinesa. “O anseio do país por crescimento verde, em vez de arrastar para baixo a economia, será um benefício e desencadeia uma nova onda de oportunidades para os investidores nacionais e estrangeiros.” A expectativa é que a “economia verde” movimente um mercado de até 10 trilhões de yuans (cerca de 1,5 trilhão de dólares), com empresas de energia renovável, controle da poluição e tratamento de esgoto.

O país já vem reduzindo o consumo de carvão. Em 2015, a queda foi de 3,7%, após queda de 2,9% em 2014. No começo do mês, foi anunciada a extinção de 1,8 milhão de postos de trabalho em siderúrgicas e na indústria do carvão. O plano até 2020 cita uma “revolução energética” baseada em renováveis. A China lidera hoje as novas instalações de solar e eólica – no ano passado, a sua nova capacidade eólica atingiu um recorde, com aumento de mais de 60% em relação ao ano anterior. Para os próximos anos, deve haver investimentos expressivos também em carros elétricos.

Ativistas de clima comemoraram a aprovação do plano. Para o Greenpeace, o documento sugere que a China vai implementar e melhorar as suas metas nacionais de redução de emissões apresentadas na COP21, a conferência de clima da ONU. “O fato de que o governo chinês já está falando sobre como melhorar o seu plano de ação climática indica que ele está pronto para o jogo”, diz Li Shuo, do Greenpeace na Ásia. “Se isso se traduzir em políticas concretas, a China poderia estar a caminho de se tornar um líder global em frear emissões.”

O país também implantará um sistema de parques nacionais e um sistema de monitoramento ambiental em todo o país em 2020. De acordo com a imprensa local, dirigentes estarão sujeitos a “auditoria de responsabilidade de proteção ambiental” antes de deixarem seus postos.

Além da política climática e dos benefícios para a economia, a nova estratégia ambiental chinesa também está relacionada a questões de saúde pública, já que a população chinesa está exposta a um alto nível de poluição do ar.

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