Brasil precisa se comprometer com metas efetivas de redução de emissões para o pós-2020, defendem OC e FBOMS
Carta assinada pelas duas redes foi protocolada junto à Casa Civil da Presidência da República, demandando medidas que permitam ao Brasil assumir sua responsabilidade na luta global pela redução das emissões de gases de efeito estufa
Carta assinada pelas duas redes foi protocolada junto à Casa Civil da Presidência da República, demandando medidas que permitam ao Brasil assumir sua responsabilidade na luta global pela redução das emissões de gases de efeito estufa
OC, 11/09/2014
Bruno Toledo
Faltando poucas semanas para a Cúpula de Chefes de Estado sobre Clima, convocada pelo Secretário Geral das Nações Unidas, Sr. Ban Ki-moon, a Presidente da República, Dilma Rousseff, ainda não confirmou sua presença. A Cúpula será realizada no dia 23 de setembro, na sede das Nações Unidas, em Nova York, e contará com a presença de chefes de estado de países de todo o mundo. O Observatório do Clima (OC) e o Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais (FBOMS) protocolaram no último dia 09 uma carta formal para a Presidente, cobrando sua participação no evento, e que ela leve uma mensagem aos demais líderes mundiais de que o Brasil irá fazer sua parte para evitar que o aquecimento global ultrapasse limites perigosos, assumindo compromissos efetivos no âmbito do novo acordo climático global, que deverá ser finalizado no ano que vem.
De acordo com a Carta, a Cúpula será uma oportunidade importante para que líderes mundiais reiterem seu compromisso com o enfrentamento do desafio climático, assegurando o que for necessário para manter o aquecimento global dentro do limite dos 2ºC neste século. Nesse sentido, o Brasil precisa demonstrar ter condições para liderar essa luta, principalmente por ser um dos sete maiores emissores mundiais de gases de efeito estufa (GEE).
O 5º relatório de avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), divulgado recentemente, traz um “ultimato” a todos os grandes emissores: já está passando da hora de tomar as medidas necessárias para controlar o aquecimento do planeta. Com essa urgência em mente, milhares de pessoas se mobilizam para marcar presença na Cúpula e na realização de pelo menos 1.500 eventos em pelo menos 130 países, com o propósito de pressionar os Chefes de Estado em torno de ações efetivas para reduzir emissões globais de GEE. Lideranças empresariais também começam a se mobilizar para que os governos assumam essas medidas. Ou seja, o momento aponta para a ação, e os líderes globais precisam dar uma resposta à altura.
O Ministério das Relações Exteriores iniciou nesta semana a segunda fase de consultas à sociedade civil sobre os compromissos que irá assumir no âmbito do acordo pós-2020. Na visão do OC, a meta brasileira para o pós-2020 deve resultar em um limite de emissões significativamente menor do que 1 giga tonelada de dióxido de carbono equivalente (GtCO2e) em 2030. Durante a primeira fase do processo, conduzido pelo Ministério de Relações Exteriores para fundamentar as “contribuições nacionalmente determinadas” para basear o novo acordo climático em negociação no âmbito da UNFCCC, as organizações do OC submeteram essa proposta para o governo brasileiro.
Na carta enviada à Presidente, o Observatório do Clima e o FBOMS cobraram também que ela convoque uma reunião do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas para retomar o diálogo entre o Governo Federal e a sociedade civil, e o debate sobre as ações necessárias para que o país assuma compromissos viáveis e efetivos na redução de suas emissões de GEE. A realização de tal reunião antes da COP20, em Lima, será fundamental para que a sociedade brasileira expresse suas expectativas em relação ao progresso das políticas públicas para mitigação e adaptação às mudanças climáticas. E representará uma oportunidade para que se discuta a necessidade de se ter uma visão estratégica e de longo prazo para o país sobre as mudanças climáticas, seus riscos e as oportunidades para um desenvolvimento baseado em baixas emissões de gases de efeito estufa.
Clique aqui e leia a carta entregue por Carlos Rittl (OC) e Silvia Picchioni (FBOMS) à Casa Civil da Presidência da República.