Brasil é o país que mais derruba árvores
De acordo com relatório das Nações Unidas, país perdeu 984 mil hectares de florestas por ano nos últimos cinco anos; no entanto, é o segundo em áreas de proteção em todo o mundo
CÍNTYA FEITOSA (OC)
Brasil lidera o ranking de desmatadores em um relatório da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) que avalia a perda de cobertura florestal em todo o mundo desde 2010. De acordo com o documento, o país perdeu 984 mil hectares de florestas por ano no período. Em segundo lugar está a Indonésia, com perda de 684 mil hectares ao ano. Por outro lado, o Brasil é o segundo país com mais áreas protegidas, com 46,9 milhões de hectares, atrás apenas dos Estados Unidos.
A África e a América do Sul são os continentes com a maior perda anual líquida de florestas no período considerado no relatório, com 2,8 milhões e 2 milhões de hectares, respectivamente. Segundo o relatório, ao longo dos últimos 25 anos os estoques de carbono na biomassa florestal diminuíram quase 62,6 bilhões de toneladas de gás carbônico – CO2, principal gás causador do efeito estufa e do aquecimento global.
A principal causa é a mudança do uso do solo – a conversão de terras florestais para atividades como a agricultura. A África, o sul e sudeste da Ásia e a América do Sul são responsáveis pela maior parte das perdas florestais.
No entanto, a análise reconhece uma queda substancial da perda de florestas em relação à taxa registrada de 2005 a 2010 e também nos anos anteriores. De acordo com as informações oficiais usadas para o relatório, só no Brasil a perda anual de carbono na biomassa passou de cerca de 694 milhões de toneladas de gás carbônico por ano na década de 1990 para cerca de 226,8 milhões de toneladas por ano no período de 2010 a 2015.
As emissões de gás carbônico vindas das florestas diminuíram mais de 25% entre 2001 e 2015, principalmente pela redução do desmatamento. De acordo com o líder da equipe do relatório, Kenneth MacDicken, o principal motivo para a queda no desmatamento é a melhora nas políticas de gestão florestal. “Isso inclui planejamento, acesso à informação, legislação e políticas de controle – muitos passos que os países tomaram ou estão tomando.”
O relatório alertou para a queda de áreas de proteção na Europa, e Américas Central e do Norte. A Ásia também apresentou menos áreas de preservação ambiental nos últimos cinco anos do que entre 2000 e 2010, mas houve um aumento em relação à década de 1990.
“Notamos uma mudança positiva, mas precisamos fazer mais. Nós não vamos conseguir ter desenvolvimento sustentável e reduzir os impactos das mudanças climáticas se não preservarmos nossas florestas”, advertiu o diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva. De acordo com a publicação, a ameaça da perda da biodiversidade refletida na perda da floresta primária persiste.
Papel decisivo
A declaração final do 14º Congresso Florestal Mundial, também organizado pela FAO, afirma que as florestas devem ter papel decisivo no debate dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, assim como para acabar com a fome e combater mudanças climáticas.
O congresso também enviou uma mensagem à UNFCCC (Convenção do Clima das Nações Unidas), sobre a necessidade de um acordo abrangente sobre florestas na conferência de Paris, em dezembro.
“As mudanças climáticas representam uma grave ameaça para o planeta, as florestas e as pessoas que dependem da floresta. No entanto, ao mesmo tempo, as respostas dos países podem apresentar novas oportunidades para as florestas, como fontes adicionais de financiamento e um maior apoio político para a governança florestal”, diz a declaração.