Agenda do clima une ambientalistas e empresas
Coalizão apresenta propostas para tornar o Brasil líder em economia sustentável e reduzir emissões
CÍNTYA FEITOSA (OC)
Mais de 50 organizações da sociedade civil e da iniciativa privada se uniram com o objetivo de promover a economia de baixo carbono no Brasil. Lançada nesta quarta-feira (24), a Coalizão Brasil – Clima, Florestas e Agricultura apresentou 17 propostas para contribuir com o desenvolvimento econômico, com o objetivo de promover o país como líder global em economia sustentável.
O grupo apresenta agendas de curto prazo, com o objetivo de influenciar na participação brasileira na COP21 (a conferência do clima de Paris, em dezembro), mas também sugere metas de médio e longo prazo, para a agenda de desenvolvimento sustentável e de baixo carbono de 2015 a 2030.
A coalizão parte do princípio de que não será possível promover práticas eficazes na mitigação das mudanças climáticas sem o envolvimento de empresas, sociedade civil e governo. “Estamos unindo diferentes em torno de soluções e em prol do desenvolvimento. Enfrentar as mudanças climáticas é uma questão de sobrevivência”, afirmou Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima, um dos membros do grupo.
As propostas da aliança envolvem compromissos em todos os setores, que vão desde a transparência em dados de políticas de clima até a eliminação de produtos oriundos de desmatamento ou de ilegalidade das cadeias de produção. Os principais temas são a regularização fundiária, a precificação do carbono e serviços ecossistêmicos e fiscalização e valorização de boas práticas no eixo florestal e agrícola.
As medidas mais urgentes apontadas pela coalizão estão relacionadas à aplicação de dispositivos legais já existentes, como o Código Florestal, o Cadastro Ambiental Rural e os Programas de Regularização Ambiental. O grupo também recomenda o aumento de sanções a agentes que promovam ou permitam o desmatamento ilegal e o aumento em 10 vezes da área de manejo florestal sustentável no Brasil, até 2030.
Para Gustavo Junqueira, presidente da Sociedade Rural Brasileira, o Código Florestal foi um “tratado de paz” entre os setores envolvidos na agenda ambiental e agora é preciso criar mercado sustentável, incentivando também o interesse dos consumidores na agenda. “A COP21 é o primeiro motivo da nossa união, mas não o principal. O mais importante será a ação da sociedade depois de Paris.”
No documento divulgado pela coalizão, cada proposta é acompanhada de metas de implementação. A agenda do grupo tem como foco a mitigação das mudanças climáticas, mas os membros sinalizaram envolvimento na agenda de adaptação. “O prazo é curto, mas a virada ainda é possível”, disse Rachel Biderman, do WRI. “Grupos mais vulneráveis merecem atenção, e por isso é importante lidar com adaptação e incentivar lideranças a lidarem com a questão.”
Marina Grossi, do CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável), comemorou o envolvimento dos diversos setores na agenda, tanto no Brasil quanto internacionalmente. “A chance de Paris dar certo é grande, porque a sociedade está mais organizada. Pela primeira vez, o business está inserido nas negociações.”