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Abelhas podem ajudar a proteger o café dos impactos do aquecimento

Aumentar as variedades do inseto na plantação pode manter a produtividade do grão e compensar parte das perdas causadas pelas mudanças climáticas na América Latina, afirmam pesquisadores

12.09.2017 - Atualizado 11.03.2024 às 08:28 |

DO OC – As transformações no clima vão afetar drasticamente o cultivo de um grão que é matéria-prima para a bebida mais popular do Brasil e ajuda na subsistência de centenas de milhares de pessoas. De acordo com um estudo publicado nesta segunda-feira (11) no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences, as mudanças climáticas podem reduzir drasticamente (de 73% a 88%) a área destinada ao cultivo de café na América Latina até 2050, assim como diminuir (de 8% e 18%) a quantidade de espécies de abelhas na maioria das plantações, em cenários de aquecimento medio e alto. As abelhas são os polinizadores dos cafezais – portanto, sem elas suas manhãs seriam um verdadeiro pesadelo.

A pesquisa considerou 39 espécies de abelha, variedades de café comuns na América Latina, 19 variáveis ​​climáticas e cenários diversos de aquecimento; regiões montanhosas, que produzem café de alta qualidade, estão entre as mais vulneráveis às alterações do clima.

Elas sofrerão duplamente: além de perder área de cultivo, terão de lidar com a falta de abelhas. São casos extremos, mas que não devem ser tão raros caso a temperatura do planeta supere o limite de 2° Celsius estabelecido pelo Acordo de Paris.

Com uma quantidade menor de espécies de abelhas, os cafezais que ainda tiverem condições de produzir deverão apresentar uma quantidade menor de frutos por falta de polinização. A consequência imediata é a redução do volume de grãos e do número de sacas por hectare, prejudicando o abastecimento da população e a subsistências de pequenos e médios agricultores, que produzem, apenas no Brasil, mais de 43 milhões de sacas por ano.

“Viveremos situações desafiadoras, em que os agricultores podem ter de substituir a cultura do café por outro grão, mais apropriado para as condições climáticas futuras”, disse Pablo Imbacha, um dos autores do estudo. “O mais comum, no entanto, é que as regiões tenham de lidar com pelo menos um dos fatores negativos: perda de espécies ou de áreas cultiváveis”, afirmou.

Apenas em casos raros, como em pequenas regiões da América Central, o sinal se inverte e o benefício poderá vir em dobro: mais variedade de abelhas e mais áreas de cultivo.

A boa notícia é que há como compensar, pelo menos em parte, a perda de produtividade dos cafezais. Isso porque as abelhas são mais resistentes que os pés de café às variações climáticas – e podem ajudar a compensar as perdas causadas pelo aquecimento da Terra. De acordo com o estudo, aumentando o número de espécies para 10 ou 12, é possível manter a produtividade das regiões.

A dica de ouro, portanto, é investir no aumento de variedades de espécies de abelhas e conservar as florestas próximas aos cafezais, uma forma de manter a polinização em alta o ano todo. Também recomenda-se ajustar as técnicas produtivas às novas necessidades da plantação, como ampliar a área de sombra e aumentar a irrigação.

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